domingo, setembro 11, 2011

Jornalismo, por quê?

Escrever sobre o que todos estão vendo. Contar histórias, narrar fatos e tornar tudo o que está em volta uma notícia digna de ser lida, ouvida, assistida... Se o jornalismo fosse assim tão fácil quanto parece, nem precisaríamos de cursar uma graduação. Mas não. O dom de ser jornalista é mais profundo do que isto. Ter voz e rosto bonito até contam pontos, mas não tornam alguém, um bom profissional. É preciso lutar.

Quando decidi que esta seria minha carreira, já havia pensando em várias outras. Praticar este tal jornalismo diário é exercitar a mente e estar preparado para escrever e contar qualquer fato, a qualquer hora. Quem disse que a notícia tem hora para acontecer, não é mesmo? Mesmo não tendo talento para contar histórias, sempre quis que a justiça prevalecesse. Busco isso todos os dias - há três anos. Dia após dia lá estou eu, querendo que ninguém perca o prazo para vacinar o filho, saiba que a corrupção está em nosso meio, que os buracos das ruas atrapalham a vida dos cidadãos que pagam impostos. E cumprindo com uma missão talvez mais difícil, a de transformar a linguagem técnica e chata em algo simples e compreensivo tanto aos letrados quanto àquelas pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, e que da mesma maneira, precisam saber o que acontece no lugar onde vivem.

Na faculdade aprendemos o lead. Perguntas essenciais que vão nos guiar em qualquer momento. Mas a receita pronta, o know-how não nos torna brilhantes. Somos seres humanos influenciados pela criatividade, mau humor e problemas cotidianos, que estarão ao nosso lado, palavra após palavra para nos auxiliar ou atrapalhar na hora de levar a informação correta.

E por falar em algo correto...

A palavra ‘imparcialidade’ é outra coisa de faculdade. Dizer que buscamos a imparcialidade é utópico. Quase uma enganação. Só na academia para se defender. Vivemos o capitalismo, a política e uma série de questões que estão acima de nosso poder de simples repórteres pautados por terceiros.

Por trabalhar na área chamada de quarto poder, poderíamos nos sentir como estrelas hollywoodianas– e muitos assim se sentem, pobres mortais! – mas não somos. Sinto-me semelhante a um operário. Todo o dia cumpro diversas tarefas, informo pessoas que desconheço e faço o bem, ou o mal, de forma direta ou indireta.





Será que com todas as palavras usadas até agora consegui responder a pergunta do título?

Este caminho de pedras por vezes é também de alegrias. Qual repórter nunca fez matéria com a reclamação dos moradores sobre os buracos nas ruas? Ou sobre problemas relacionados ao caos na saúde pública? Caso o pedido da comunidade tenha sido aceito, qual seria a reação do jornalista? No meu caso, satisfação e sensação de dever cumprido. Entrei para esta área para ajudar!

A melhor parte de tudo isso talvez não seja a possibilidade de conhecer centenas de pessoas diferentes, entrevistar grandes nomes, estar em lugares que não teria oportunidade em outra profissão, mas sim o feedback daquela pessoa que precisava de uma notícia que chegou até ela, através de você, um simples e mortal repórter!

domingo, agosto 28, 2011

Como superar os limites

Se um dia encontrar por aí um manual de como superar os limites eu quero comprar, mas por enquanto vou tentando do meu jeito. Tenho utilizado vários métodos e o de hoje posso garantir que me fez sentir mais confiante. Vou contar o que aprontei.

Levando em consideração minha preguiça e mínimo condicionamento físico, posso afirmar que tudo foi muito sofrido. Carreguei uma mochila de soldado do Exército Brasileiro, com todas as parafernálias de milico. Viajei em uma viatura militar junto com outros colegas jornalistas sacolejando conforme as condições da estrada. Passei muito calor usando a farda militar. Aprendi entre as peculiaridades da selva, a fazer um sopão muito estranho e montar fogões improvisados. Tive um contato muito próximo com uma cobra Cascavel, sem contar uma super-aula sobre aranhas, cobras e escorpiões. Subi morro com chuva e desci correndo abaixo de um sol de uns 30°.

A superação até aí foi pequena, mas na hora de atravessar o rio presa a uma corda em pontes feitas de forma manual e que segurança pouco tinham a oferecer eu me senti feliz! Sem cair na água, aguentando a pressão em mãos e pernas eu atravessei - falsa baiana, ponte de três cordas, comando craw e preguiça - uma vez cada.

É claro isso pode não ser nada. No meu caso foi como uma renovação. Uma amiga disse que eu precisava de uma mudança ou de uma viagem. O acampamento - estágio de atividades militares para jornalistas - valeu a pena por esse motivo. Eu me superei sem precisar mudar ou viajar pra longe!

segunda-feira, agosto 15, 2011

Perder alguém que se ama

Nunca quis pensar na morte de alguém que amo. Pai, mãe, irmãos ou avôs. Mas isso aconteceu há nove meses. Meu avô e segundo pai se foi em uma madrugada quente de verão. Desde então ensaio para escrever sobre o noninho Antônio.

Lembro de tantas coisas boas que vivi e aprendi com ele, que passaria dias descrevendo. Aprendi que é preciso ter coragem para enfrentar desafios, principalmente quando todos acham que não há mais chances. Meu nono morreu em decorrência de um câncer que transformou seus 79 anos. Ele envelheceu dez anos em um, mas reuniu forças na mesma proporção.

A luta contra o relógio, sessões de radioterapia e o vai-e-vem em consultas médicas aproximou toda uma família que estava longe. Ninguém queria perder o tempo - incerto - ao lado daquele herói.

Se sentir saudade é algo bom, eu posso afirmar que sou feliz. Não há um dia que a imagem daquele velhinho de grandes olhos verdes e sorriso fácil deixa de vir aos meus pensamentos. É impossível não chorar e sorrir.

Superei uma fase da vida. Nunca havia perdido um amor tão grande. Ninguém havia ido embora sem se despedir assim. Mas naquela madrugada de sábado, eu sabia que tudo mudaria. Até o fato de o telefone tocar durante o sono me remete aquele dia triste. Tudo aconteceu de forma orquestrada e então o fim se fez. O sol nasceu e passei um dia ainda presente. O cheiro das flores, do formol e do vento quente são tão reais que me assusto...

Demorou um tempo, mas pude perceber. Só viver não basta, é preciso fazer mais! É preciso ser exemplo bom... Meu noninho, quando morreu, nem falava mais, porém, ouvia e compreendida tudo. Sabia o que estava acontecendo e ninguém precisou falar o nome da doença que queria o levar de nós, e por isso, buscou dar um exemplo de força e enquanto todos choravam ele sorria.

E essa é a última imagem que dele... Sorrindo!

Ontem foi um dia difícil. Hoje também o é, e sinto que para sempre será...

quarta-feira, abril 20, 2011

Sabe aquele verbo...

Desapegar? Pois é. Ele parece não querer fazer parte do meu cotidiano. Tento me desapegar das coisas, das pessoas, dos amores e nada acontece.

Algumas coisas eu até consigo. Roupa, calçado, brinquedo, maquiagem, bijuterias. Esses vão e não voltam. Mas tem outras...

Sinceramente, queria mudar. Queria me apaixonar todo dia por alguém diferente. Não para ter comigo, mas para não sofrer. De quê adianta ter e não ter ao mesmo tempo. Sofrer por antecipação. Se o desapego me pertencesse, eu sorriria mais e choraria bem menos.

Amores podem ir e vir, mas nos machucam. Da mesma maneira que as promessas. Quero o desapego disso tudo. Quero ouvir e fazer de conta que é verdade, mesmo sabendo que é mentira. Porque assim, sei que depois de alguns momentos já nem lembrarei mais...



voltar em 3, 2, 1...

Estranho reativar um blog. Mas faz parte da vida reviver e reiniciar alguns 'projetos', alguns 'desejos'...

Sempre vi este tipo de ferramenta da internet como uma forma de ir contra o conceito de diário pessoal, onde até existia cadeado. Mas as mudanças de atitude e de comportamento levam a gente a querer contar como é que pensamos, agimos e entendemos esse mundo.

E por falar em diário...

Por anos guardei um sem número de cartas, cartões, lembranças, recados, desenhos e tantas outras coisas que colecionei durante a adolescência. Tudo isso estava muito bem escondido no fundo de um guarda-roupa na casa de minha mãe, onde não moro há quase três anos. Quando lembrava do que estava escrito naquela enorme quantidade de papel, tremia. Essa reação espontânea acontecia só de pensar que se minha mãe resolvesse limpar o armário, encontraria toda a minha vida escrita em cartas trocadas com amigas que moravam em outras cidades e diários... Não eram muitos, mas tratavam de uma fase turbulenta da vida, entre os 13 e 16 anos. Época em que a única vontade era de sumir. E não rolava bullying, era um não querer viver aquilo. Nunca consegui conversar sobre isso com pessoas próximas, mas sempre achei que isso acontece com a maioria dos jovens nesta fase de transição e tantas exigências e cobranças, por isso, entendia como bom externar aqueles sentimentos estranhos.

Última vez que fui visitar minha mãe, tirei um tempo para revirar aquelas lembranças. Aquilo tudo era minha vida há alguns anos. Letras de músicas, papéis de carta, envelopes de carta coloridos, de quando ainda era possível escrever como remetente da carta 'adivinha quem é' e os atendentes dos Correios não faziam cara feia.

Chorei.

Chorei porque perdi o contato com amigas queridas, que hoje devem ser casadas e com filhos. Chorei feliz, porque melhorei. E algumas daquelas palavras deprimentes desapareceram do meu vocabulário. Porém, o que mais doeu foi ter que escolher entre guardar novamente toda aquela vida ou deixá-la apenas na lembrança.

Mexi, revirei, abri cadernos, li os poemas bobos sobre o futuro e conclui, sentada no chão frio do quarto que já foi meu, que, de nada adianta alguns planos, pois, assim como mudamos de casa, de escola e de profissão, amores morrem e outros nascem e nada é bom o bastante para durar pela eternidade.

Sofri e decidi levar aquele amontoado de palavras para um lugar que me faria bem e que ninguém teria acesso.

Aos poucos comecei a queimar, papel por papel, carta por carta, diário por diário, e conforme as chamas aumentavam, o choro diminuía e surgiu enfim, um sorriso. Era a felicidade de saber que as minhas memórias estavam bem guardadas e que ninguém poderia vasculhar.

Me distrai observando as cores daquele fogo, que parecia desenhar no ar o que estava sendo consumido em matéria e se materializando para sempre em pensamento. As chamas brincavam comigo, como se pedissem para eu adivinhar em qual história elas estavam.

Por fim, guardei um espelho, uma flor seca e vários anos da minha vida. Voltei para a minha casa renovada, e mesmo com tão pouco, me sentindo vencedora.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Expressões e pensamentos

Madrugada de verão sem cara de verão. Uma confusão que lembra muito meus pensamentos. Muita busca, nem tantos resultados. Seria futilidade, me perder nos pensamentos, nos amores infundados, nas juras sinceras de momento...
Seria querer demais um sem número de vontades, desejos, expectativas.
Como era mais fácil quando a decisão era mais simples, mais leve e sem tanta expressão.

quinta-feira, julho 10, 2008

Qual a cor que pinta meu dia? A parede da sala, o quarto, meu humor?
Não diga que não haverá cor em tudo o que vejo e sinto. Sentimentos também possuem cor. A vida tem cor. A morte também. O amor. O ódio. A ansiedade.
Em que não haveria de ter?
Todo sofrimento tem cor, tem sabor, tem forma.
Perder alguém escurece a vida, deixa tudo com sabor amargo, com formatos pontiagudos como pedras traiçoeiras.
Amar alguém faz o sol brilhar mais forte, as flores têm cheiro de felicidade.
As palavras pairam pelo ar ao sabor do vento, com destino certo. O coração de alguém.
A cor nós mesmos escolhemos.
Nós podemos pintar, borrar, testar...

sábado, fevereiro 02, 2008

A espera

Contando os dias nos dedos das mãos, experimentando mais uma vez a ansiedade descontrolada, desviando do pensamento as lembranças...
Queria estar melhor, bem vestida, maquiada, com ares de saudável.
Mas não, estava imunda, com a alma vazia e mãos trêmulas.
Sabia que era o fim. Faltava pouco...