segunda-feira, agosto 15, 2011

Perder alguém que se ama

Nunca quis pensar na morte de alguém que amo. Pai, mãe, irmãos ou avôs. Mas isso aconteceu há nove meses. Meu avô e segundo pai se foi em uma madrugada quente de verão. Desde então ensaio para escrever sobre o noninho Antônio.

Lembro de tantas coisas boas que vivi e aprendi com ele, que passaria dias descrevendo. Aprendi que é preciso ter coragem para enfrentar desafios, principalmente quando todos acham que não há mais chances. Meu nono morreu em decorrência de um câncer que transformou seus 79 anos. Ele envelheceu dez anos em um, mas reuniu forças na mesma proporção.

A luta contra o relógio, sessões de radioterapia e o vai-e-vem em consultas médicas aproximou toda uma família que estava longe. Ninguém queria perder o tempo - incerto - ao lado daquele herói.

Se sentir saudade é algo bom, eu posso afirmar que sou feliz. Não há um dia que a imagem daquele velhinho de grandes olhos verdes e sorriso fácil deixa de vir aos meus pensamentos. É impossível não chorar e sorrir.

Superei uma fase da vida. Nunca havia perdido um amor tão grande. Ninguém havia ido embora sem se despedir assim. Mas naquela madrugada de sábado, eu sabia que tudo mudaria. Até o fato de o telefone tocar durante o sono me remete aquele dia triste. Tudo aconteceu de forma orquestrada e então o fim se fez. O sol nasceu e passei um dia ainda presente. O cheiro das flores, do formol e do vento quente são tão reais que me assusto...

Demorou um tempo, mas pude perceber. Só viver não basta, é preciso fazer mais! É preciso ser exemplo bom... Meu noninho, quando morreu, nem falava mais, porém, ouvia e compreendida tudo. Sabia o que estava acontecendo e ninguém precisou falar o nome da doença que queria o levar de nós, e por isso, buscou dar um exemplo de força e enquanto todos choravam ele sorria.

E essa é a última imagem que dele... Sorrindo!

Ontem foi um dia difícil. Hoje também o é, e sinto que para sempre será...

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